domingo, 17 de maio de 2009


Casa onde nasceu e cresceu a minha avó, Maria Edite Correia

Os meus avós paternos, Joaquim Santos e M.ª Edite Correia, viveram sempre numa aldeia chamada Mata, do concelho de Castelo Branco.
Contaram-me que, nos anos 50 e 60, a alimentação que tinham era à base de alimentos que poderiam cultivar em hortas. Alguns dos pratos que comiam: couves com feijões, feijão verde com batata, ovos, abóbora, queijo, etc. Em dias de festas, poderiam comer grão com bacalhau, carne de borrego e uvas com pão.
Nos tempos livres, brincavam na rua, faziam danças, jogavam à raposinha (escondidas), ao salto cavalinha (salto ao eixo), à pocinha (com uma bola de trapos tentavam acertar num buraco no chão e quem lá acertasse podia acertar com a bola aos outros), ao molho (duas equipas, uma em cada lado e uma pessoa no meio com um lenço, essa pessoa dizia um número e um de cada equipa tinha de tentar apanhar o lenço).
A nível da saúde eram vacinados como agora. Para a higiene pessoal, lavavam-se num alguidar e com um regador; para fazer as necessidades, iam ao campo e limpavam-se com folhas, lenços ou pedras. Para terem uma consulta, tinham de ir a outra aldeia e para adquirirem medicamentos também.
Eram obrigados a frequentar a escola, que era obrigatória só até ao 3.º ano de escolaridade. Estavam na escola desde as 9h até às 12h e desde as 13h até às 15h. Nos intervalos, cuidavam do jardim e da horta da escola. Tinham aulas separados, rapazes numa sala com um professor, raparigas na outra com uma professora. Não tinham manuais, havia poucos cadernos, escreviam numa espécie de quadros pequenos. Os professores leccionavam aos 4 anos de escolaridade. O professor era da PIDE. Quem se portasse mal, levava com uma vara na cabeça ou uma reguada com uma tábua nas mãos.
Vestiam-se com roupas e calçado feitos na aldeia; calças de agrim, cotim, sarja, sargoça. Os rapazes com calças, camisa e camisola; as raparigas com saia, blusa, camisa aberta ou fechada, usavam tranças ou cabelo curto. No Carnaval, os rapazes vestiam-se de raparigas e vice-versa.
Circulavam a pé ou de burro. Na aldeia, existiam dois carros apenas, o do professor e o de um habitante. Para apanharem o autocarro, tinham que percorrer 3 km a pé.
Tinham comunicação com o exterior da aldeia através das telefonias (rádios) nas tabernas (cafés) e pelo correio que o carteiro entregava. Este também se deslocava a pé ou de bicicleta.
Os trabalhos eram todos na aldeia, eram pagos com dinheiro e com alimentos, embora os pastores e guardas fossem geralmente pagos com alimentos. Trabalhavam aproximadamente 12 horas por dia.


Casa onde nasceu e cresceu o meu avô, Joaquim Santos

Sofia Santos